Salazar's Inherance Trilogy
Nerissa Gaunt
Capitulo Vigésimo Quarto
Aquele Novembro estava a revelar-se mais chuvoso do que era habitual. Era o sétimo dia consecutivo que a escola de Hogwarts despertava com o som da chuva e dos trovões. Os estudantes já se tinham habituado àquele ruído de fundo depois de uma semana inteira de tempestade, só pediam que aquela Sexta-feira fosse a última em que os trovões funcionassem como o seu despertador… Porque afinal, para o dia seguinte estava marcada a primeira ida a Hogsmeade daquele ano. E era sabido que, com uma tempestade tão forte como aquela, ninguém estava autorizado a sair do perímetro do castelo.
Os corredores estavam cheios de estudantes apressados. Já só tinham meia-hora para tomar o pequeno-almoço e dirigirem-se às primeiras aulas da manhã. A agitação característica de uma Sexta-feira parecia estar a afectar a todos. A ansiedade por dois dias de descanso era sempre muito grande, e ninguém lhe ficava indiferente. Ouviam-se mais risos e viam-se mais correrias que o habitual, sentia-se já uma certa leveza na pressão do trabalho.
Todos pareciam estar entusiasmados naquele último dia de aulas antes do fim-de-semana, menos uma jovem Slytherin de cabelos negros do quarto ano.
Nerisssa Gaunt percorria os corredores das masmorras, seguida de perto por Severus Snape, que nunca saía do seu lado. O jovem casal parecia ser inseparável em qualquer que fosse a ocasião. Já ninguém via Nerissa sem encontrar Severus por perto, nem ninguém se esbarrava com Severus sem descobrir Nerissa a poucos metros de distância. Havia crescido entre eles uma confiança e uma compreensão que se estendia para além do racional ou do visível. Um deles não precisava de pronunciar uma palavra sequer, para o outro perceber o que se passava e o que sentia.
Foi por isso, que ao olhar fundo nos olhos de Nerissa naquela manhã, Severus lhe perguntou em voz baixa, quando estavam ainda a meio caminho do Grande Hall, “Estás a pensar nele… No Voldemort. O que aconteceu?”
Depois de soltar um suspiro profundo, Nerissa respondeu, “Não se passa nada na verdade. Estou só com um mau pressentimento.”
Na noite passada a jovem tinha sido mais uma vez visitada pelo recorrente pesadelo em que perdia a vida nos braços de Severus, depois de um duelo com James Potter. Apesar de aquele sonho não fazer sentido algum, continuava a aterrorizar Nerissa. E de cada vez que o tinha, significava que algo grave iria acontecer nesse dia… Algo grave que envolvesse Voldemort e os seus discípulos.
“Que mau pressentimento é esse que tens, Nerissa?” Perguntou Severus preocupado. Todos os maus pressentimentos que esta trisneta de Cassandra Trelawney tivera até àquela data, acabavam por ter um fundamento verdadeiro, e anunciar um acontecimento mau.
A jovem pressionou com força os seus lábios, com medo de o que fosse dizer se concretizasse. Mas depois desabafou num fio de voz, para que mais ninguém à sua volta a ouvisse, “O Voldemort não me diz nada desde Setembro, quando no dia um me enviou uma carta a desejar um bom regresso a Hogwrats… Ele não me falou sobre as descobertas que tem feito na Albânia, nem sobre o que vai fazer quando voltar, ou até quando volta. Não tem enviado cartas com indicações sobre os treinos dos Aprendizes, como era habitual… E ele sabe que eu não começo os treinos sem a ordem dele!”
Nerissa teve de inspirar fundo para conseguir continuar, “O que é certo é que o prazo de dois anos que ele deu está a chegar ao fim. A qualquer momento ele pode regressar à Inglaterra, e vigiar-nos de perto como fazia antes de partir.”
“E estás com medo do que ele possa ver quando regressar?” Perguntou-lhe de volta Severus, sem conseguir disfarçar os nervos que o invadiram com a ideia do regresso de Voldemort.
“Tenho medo, sim. Como poderia não ter?” Admitiu Nerissa, rindo ironicamente, sem conseguir ela própria disfarçar o nervosismo. “O que eu e tu temos… Eu não sei o que ele diria sobre nós. Não sei o que ele diria sobre a relação já não tão secreta que a Andromeda continua a ter com o Tonks… E não sei o que ele terá para me ensinar quando regressar. Tenho medo do que ele possa exigir de mim daqui para a frente.”
No mesmo momento, o braço esquerdo de Severus envolveu a cintura de Nerissa, abraçando-a gentilmente enquanto caminhavam. Aquele gesto do rapaz fez o ritmo forte e acelerado do coração da rapariga acalmar instantaneamente.
Nerissa fez a sua cabeça descair ligeiramente sobre o ombro do rapaz, enquanto ele lhe murmurava suavemente, “Não te preocupes com isso antes do tempo, Nerissa. Ele disse que dois anos era o tempo mínimo que teria de estar na Albânia, pode ter que lá ficar muito mais tempo.”
“Sim, eu sei… Mas este silêncio da parte dele deixa-me nervosa!” Um nó alojou-se na garganta de Nerissa, fazendo com que fosse extremamente doloroso continuar a falar, “Ele nunca ficou tanto tempo sem me dizer nada por carta. Parece que está a esperar por chegar a Inglaterra para entrar em contacto connosco.”
“Não penses nisso assim.” Voltou a aconselhar Severus, desta vez acariciando os cabelos negros de seda da rapariga, com um sorriso, “Aproveita os momentos de silêncio que ele te está a dar.”
O nó apertou ainda mais, e quando conseguiu falar, Nerissa fê-lo a soluçar. “É difícil não pensar no Voldemort, Severus… Sinto que a qualquer momento posso receber uma carta dele… Ou esbarrar com ele.”
Nerissa estava a chegar ao seu limite de forças. Se acatar as ordens de Voldemort era difícil e doloroso para ela, ter de tolerar o seu silêncio era ainda mais perturbador. A rapariga preferia saber os planos que o feiticeiro negro estava a engendrar do que ser apanhada de surpresa de um momento para o outro. Não saber onde se encontrava Voldemort, criava a hipótese de ele se encontrar até quem sabe em Hogsmeade, à espera dos seus Aprendizes no dia seguinte!
Nerissa tentou afastar essa ideia da sua mente, assim como o terrível mau pressentimento que sentia. Preferia concentrar-se no aqui e no agora, essa era uma excelente maneira de se acalmar. E neste momento, isso significava concentrar-se em entrar no Grande Hall, encarar o grupo de Aprendizes cada vez mais impacientes por ordens do seu mestre, tomar o pequeno-almoço, e depois, sobreviver àquilo que deveria ser mais um dia pacato de aulas…
Mas todos os planos de Nerissa sairiam furados. Sempre que tinha aquele estranho e perturbador pesadelo, como tivera na noite anterior, era mais do que certo que algo de muito errado iria acontecer naquele dia.
* * *
Continua...
Demorei mais a postar este capítulo porque estou a ter sérios problemas com este quarto ano de Nerissa e Severus em Hogwrats. Preparem-se porque vão acontecer muitas coisas muito importantes a uma grande velocidade, estou a dar o meu melhor para os capitulos ficarem o menos confusos possivel (estou a ponderar até escrever uns capitulos extra para explicar já algumas coisas que irão a acontecer)
Preciso mesmo muito de opiniões... Lembram-se da minha querida insegurança? Ela está a voltar e eu preciso muito de ajuda, mesmo que não gostem, ou exista algo que não compreendem, digam, que eu darei o meu melhor para explicar ou corrigir.
Loads of Kisses to All of You!